O olhar do arquiteto Eiji Hayakawa sobre a relação entre espaços internos e externos de uma moradia passa, necessariamente, por suas raízes orientais. “O povo japonês aprecia a natureza como poucos, e vê a arquitetura como um instrumento para isso”, fala ele, que teve neste projeto o arquiteto Marcos Takiguthi como coautor. A casa se abre para o entorno sem comprometer a privacidade dos moradores por meio de muros e pátios elípticos.
Os muros de alvenaria estão numa cota ligeiramente acima do nível da rua, por isso sua altura não precisou ultrapassar 3 m. Usado como revestimento, o mosaico português caramelo ganha aspecto dourado à luz do entardecer.
Duas passagens dão acesso à casa. A coberta, na garagem, fica mais perto da porta principal. A outra, ao ar livre, sugere um percurso no sentido oposto, até o pátio de lazer. Ambas desembocam no corredor elíptico entre o muro externo e a parede vazada.
Um pilar metálico tubular ajuda a sustentar a laje de concreto. A partir desse ponto, ela se prolonga mais 3,50 m e desenha a grande elipse que define este setor da construção. Virado para oeste, ele concentra piscina, churrasqueira, sauna e gramado.
O piso de fulgê (Casa Franceza) acompanha a curva da laje, que aponta para o lote vizinho. Como o condomínio desautoriza a construção de cercas entre os terrenos, árvores altas marcam a fronteira. A moradora pretende incrementar ainda mais o paisagismo nesta porção.
Ao fundo deste corredor, vê-se a porta de entrada. Do lado esquerdo, a luz natural atravessa as perfurações circulares fechadas com acrílico. À direita, repete-se o mosaico português. Piso de granilite da Casa Franceza.
O segundo pátio, uma elipse menor, liga-se diretamente à sala de estar por meio de um deck de cumaru. A outra parte é gramada, mas também há árvores e plantas de pequeno porte. A torre ao fundo acomoda a escada.
Blocos de vidro (Dayia) levam luminosidade às dependências do casal. Pintada com tinta automotiva, a escada metálica (curva, como não poderia deixar de ser) tem degraus de cumaru de 5 cm de espessura.
Em contraposição à linguagem minimalista dos demais ambientes, a cozinha tem um ar mais intimista, com móveis planejados (SCA) de tons amadeirados. Tampos de granito café imperial da Gramartec.
À noite, fica mais clara a intenção da parede de alvenaria vazada: seus orifícios deixam passar a iluminação quente do corredor atrás dela e criam um bonito efeito de luz, refletido nas águas da raia e do spa.
Tradicionais na arquitetura japonesa, dois pátios organizam a planta. O maior concentra ao seu redor a área de lazer. O outro, que recebe o sol da manhã, está próximo dos quartos, da cozinha e da sala. "o desenho da casa partiu da análise do programa em relação ao espaço externo", explica o arquiteto Eiji hayakawa. Outro fator foi concentrar o dia a dia do casal no térreo, inclusive a suíte.
Área: 595 m²
Ano do projeto: 2005
Conclusão da obra: 2007
Projeto: Eiji Hayakawa e Marcos Takiguthi
Projeto de elétrica e hidráulica: Hunter Pelton Engenharia
Execução: José Luís dos Santos
Paisagismo: Ingrid Brunckhorst
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