0 Arquiteto Ugo di Pace.


Das rodinhas de arquitetos e decoradores do high-society às lojas da rua Gabriel Monteiro da Silva, meca do décor paulistano, não se falava em outra coisa nos últimos dias: Ugo di Pace estaria na Casa Cor. Pela primeira vez, um dos arquitetos mais requisitados dos endinheirados do eixo São Paulo-Rio-Nova York-Paris havia concordado em assinar um projeto no maior evento de arquitetura e decoração da América Latina. Aos 82 anos, 50 de profissão, a decisão de participar da mostra teve uma razão afetiva. Ugo acaba de se associar aos dois filhos Raul e Maria para formar a Di Pace e Di Pace Arquitetura e Interiores. Concluiu que seria uma oportunidade de compartilhar seu conhecimento e talento com um público mais abrangente.
O projeto foi realizado na área social de uma casa que recebeu o nome de "Espaço para a Nova Era", porque propõe um conceito de sustentabilidade, bem atual. Sustentável sim, porém com o DNA de um projeto by Ugo di Pace. Traduzindo: luxo. Ugo é conhecido por suas obras grandiosas e pelo olhar afiadíssimo quando se trata de identificar peças de arte de qualidade. O talento vem de berço. Italiano, nascido em Nápolis, Ugo cresceu numa família ligada à construção e dona de uma belíssima coleção de obras de arte. Anos mais tarde, aprimorou o repertório no Instituto di Belle Arti de Napoli e, ao se tornar aluno e pupilo de Roberto Longhi, um dos maiores críticos de arte da Europa. 



Foi com esse histórico na bagagem que ele abriu junto com o amigo Pietro Maria Bardi, o todo-poderoso diretor do MASP, uma galeria de arte em Roma com acervo de fazer inveja aos concorrentes da época. "Nós tínhamos Picasso, Renoir, Modigliani, entre outros", lembra. Mas antes disso, porém, Ugo já estava apaixonado pelo Brasil, para onde veio passar um breve, e definitivo, período de férias. O Brasil, e as brasileiras, o haviam conquistado para sempre. Foi o amigo Ruddi Crespi, um dos maiores playboys do jet set internacional na década de 50 quem contou a Ugo que no Brasil estavam as mulheres mais bonitas do mundo. Ele não pestanejou, fez as malas e se aboletou no Copacabana Palace até o dinheiro acabar. O que nunca cessou foi o fôlego em viver aqueles anos loucos no Rio de Janeiro.
"Cheguei a fingir que era médium para não pagar aluguel na casa de um artista plástico que me hospedara por alguns dias", sorri, saudoso. "Era tudo muito divertido." Abre-se aqui um parênteses para tentar explicar a suposta "mediunidade" de Ugo. Ele serrou por baixo uma mesa de jacarandá até a metade e durante a sessão espírita fake, encarnou o próprio Sansão partindo a mesa ao meio. Graças à performance, ele morou de graça por mais seis meses. Assim, foi ficando, ficando, até mudar para São Paulo e abrir seu escritório de arquitetura e a Construtora Ugo di Pace. "De lá para cá já são mais de 1.300 obras no Brasil e no Exterior", diz. Pense no Jardim Europa, um dos bairros mais nobres de São Paulo. Em cada rua há pelo menos algum belo casarão saído da prancheta de Ugo di Pace. Prancheta sim, porque ele ainda é refratário a executar desenhos no computador.



 Há pouco mais de um ano, Ugo mudou para um novo apartamento em São Paulo. O fim do casamento com Vera, sua companheira por 35 anos e mãe de Maria, a filha caçula, fez com que trocasse o antigo e suntuoso apartamento no Morumbi por outro de 250 metros quadrados no Itaim. Como ele se divide entre o novo endereço e outros dois em Nova York e Nápolis, onde também tem escritórios, Ugo ainda não imprimiu sua identidade à nova casa. Talvez seja mesmo uma questão de tempo. Mas já se vê ali indícios de sua curadoria como na porta do sudeste asiático do século 17 e as colunas italianas do século 18.
Na mesa de centro do ambiente de estar repousa um cinzeiro assinado por Picasso. Amante dos textos e ideias do poeta Baudelaire - para quem a arte se dividia em duas formas: a de boa e a de má qualidade - Ugo di Pace vive hoje rodeado de uma porção quase simbólica do que acumulou. Perto de tudo o que já construiu, sua nova morada em São Paulo é quase minimalista.
Nada que a paixão pela estética, pela arte e por Vera, não possa mudar.


O luxo sustentável - Casa Cor
O ambiente dos Di Pace na Cosa Cor foi concebido por Ugo e os filhos Raul e Maria. O projeto da área social de uma casa, denominado Espaço de uma Nova Era, ocupa 150 metros quadrados. A ideia foi promover o conceito de arquitetura que preza pela sustentabilidade, por isso foram usados materiais que não agridem o meio ambiente como o piso drenante que absorve 82% de água. Como tudo o que faz, Ugo expôs uma bela coleção de obras de arte. Destaque para a biblioteca com auxílio luxuoso de Pedro Corrêa do Lago.
 

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